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O engenheiro Maurício Guedes, gerente-executivo de Engenharia de Abastecimento da Petrobras, disse à CPI da Petrobras não acreditar que o ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco, réu confesso da Operação Lava Jato, tenha agido sozinho no esquema de corrupção e propinas na estatal.
Barusco, em acordo de delação premiada com a Justiça Federal, disse ter recebido 97 milhões de dólares em propinas entre 1997 e 2010.
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Segundo o engenheiro, os procedimentos internos da Petrobras preveem muitas instâncias decisórias, em esquema colegiado, o que dificulta uma ação isolada. “Nesse ponto eu compartilho com o que disse aqui a ex-presidente da Petrobras Graça Foster”, afirmou Guedes, em referência ao depoimento de Foster à CPI.
“E como o senhor recebeu as notícias de pagamento de propinas na Petrobras?”, perguntou o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “Com surpresa, tristeza e indignação”, disse. “O senhor já recebeu alguma oferta de vantagem ilícita?”, perguntou o relator. “Nunca”, respondeu.
Pressa
Ao falar da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, o engenheiro disse que os atrasos e aditivos que multiplicaram o valor da obra foram decorrentes da pressa na execução da obra e não de deficiências do projeto.
“Nesse caso, minha opinião pessoal é de que o projeto não foi o mais importante, mas sim o processo de condução. Na época se precisava de um prazo menor. Então a Petrobras adquiriu centenas de equipamentos para as obras. Os projetos foram feitos com base nos desenhos dos equipamentos e a Petrobras ficou encarregada de fazer os projetos executivos – e não as empresas contratadas. E os equipamentos nem sempre se ajustavam ao projeto. O problema foi a pressa e não a maturidade do projeto”, afirmou.
Segundo o ex-gerente de Tecnologia Pedro Barusco, houve formação de cartel das empresas na construção dos 12 pacotes de obras da refinaria Abreu e Lima (RNEST). Os contratos foram fechados com preços perto do máximo. Ele disse que apenas o pacote de obras para a Unidade de Hidrotratamento foi fechado em R$ 3,19 bi. A proposta foi do consórcio Conest, composto pela Odebrecht e OAS.