Renato Duque se nega a falar
Por Gilclécio Lucena com Agência Câmara de Notícias Quinta-Feira, 19 de Março de 2015
Nesta quinta-feira, 19, durante oitiva realizada pela CPI da Petrobras, o depoente, ex-diretor de serviços da estatal, Renato Duque, permaneceu em silêncio.
Renato de Souza Duque afirmou que cumpriria a obrigação enquanto cidadão de estar na CPI, apesar de não responder aos questionamentos. "Por orientação da defesa técnica estou exercendo, com respeito a esta casa, o meu direito de ficar em silêncio. Existe a hora de falar e a hora de calar. Encontro-me preso e, por esse motivo, exerço meu direito constitucional ao silêncio", disse em sua fala inicial.
Após os primeiros questionamentos, o ex-diretor de serviços afirmou ainda que a condição de permanecer em silêncio não era fácil. "Não pensei que fosse tão difícil ficar calado!", exclamou.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB/SP) citou que Duque é mencionado como destinatário do pagamento de propinas por pelo menos seis delatores da Operação Lava Jato: o ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e os empresários Júlio Camargo, Augusto Mendonça Neto e Shinko Nakandakari. Ele nega as acusações. O deputado salientou que, caso o ex-diretor esteja pensando que alguém o protegerá, ele está enganado. "Ao falar, sem o receio de estar fazendo o mal a quem quer que seja, o senhor pode fazer o bem ao país e se redimir com os familiares", disse.
O deputado Celso Pansera (PMDB/RJ) ressaltou o esforço que a comissão parlamentar de inquérito faz para que as investigações deem respostas ao Brasil. "Não estamos aqui porque é um prazer. Mas porque estamos exercendo um dever cidadão, enquanto representantes, para que consigamos resultados", declarou.
Renato Duque quebrou o silêncio poucas vezes. Em uma delas, afirmou que não conhece o doleiro Alberto Youssef, que o acusou em delação premiada de receber propinas de empresas contratadas pela estatal. Em outro momento, Duque também admitiu conhecer o antigo hotel Meridien, no Rio, ao responder pergunta do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). Mas em seguida voltou a dizer que ficaria calado. O hotel foi apontado pelo ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, como local de encontro entre participantes do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Ao final da oitiva, Renato de Souza Duque afirmou que se recusou a falar por orientação da defesa, mas registrou que isso não significa que seja culpado. “Eu vou provar que meus bens não são produto de corrupção. Tenho orgulho de ter trabalhado na Petrobras e lamento o que está acontecendo na companhia”, disse.
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB/PB) registrou sua insatisfação com o silêncio do depoente. “Mesmo com a negativa do depoente em falar, mantivemos a prerrogativa dos deputados questionarem, para mostrar que nosso compromisso é com a investigação”, afirmou.
Hugo Motta enfatizou o esforço da CPI em realizar a oitiva nas dependências da Câmara e que a sessão fosse aberta. “Temos trabalhado em prol da transparência nas ações, e continuaremos dessa forma. Sempre empenhados para obter resultados”, destacou.
Sobre a possibilidade de convocação dos tesoureiros de todos os partidos, proposta pelos membros do PT na CPI, Hugo Motta afirmou que as solicitações devem atender aos fatos que determinaram a criação da Comissão Paramentar de Inquérito. “Existe um fato determinado para as investigações da CPI. Até onde temos conhecimento, e isso é público e notório, o único tesoureiro citado, envolvido, é João Vaccari Neto, do PT, nenhum outro tesoureiro de outros partidos estão citados nesse caso. Acredito que qualquer assunto que fuja dos fatos determinados para investigação a respeito dos contratos da Petrobras, não cabe a CPI se envolver”, explicou.
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