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Audiências para realização de oitivas marcam agenda
Por Gilclécio Lucena com informações da Agência Câmara Quinta-Feira, 12 de Março de 2015
As atividades da CPI da Petrobras durante essa semana foram marcadas pelos depoimentos do ex-gerente de serviços da estatal, Pedro Barusco, do ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que compareceu espontaneamente.
O presidente da comissão, Deputado Federal, Hugo Motta (PMDB/PB), afirmou que os trabalhos estão caminhando conforme planejado. “Temos demonstrado que nosso compromisso é fazer a CPI funcionar, e não abriremos mão”, disse.
Hugo Motta disse ainda que a CPI conseguiu extrair respostas importantes dos depoentes. “O senhor Pedro Barusco deixou bem claro que, no início, recebia propina por conta própria, afastando qualquer envolvimento de governos anteriores, e, por consequência, sem apresentar fatos conexos que poderiam estender as investigações aos períodos anteriores a 2004”, explicou.
O primeiro questionamento a Pedro Barusco veio do relator, Deputado Federal, Luiz Sérgio (PT/RJ), que versava sobre a entrada do depoente na Petrobras e se no decorrer de sua trajetória houve indicação política. Barusco afirmou que ingressou “em 79 por concurso público e que de sua entrada à ascensão, até chegar ao cargo executivo, o critério para sua escolha foi técnico”.
Ele ratificou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos, e que esses recursos eram divididos da seguinte maneira: metade para o PT, por meio de João Vaccari, e metade para a “Casa”, como ele chama os diretores da Petrobras envolvidos no esquema. Ele menciona, entre estes, Renato Duque e, eventualmente, Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves.
A convocação de Barusco como primeiro depoente da CPI foi fruto de um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele, já na reunião desta quinta-feira, 12, foram ouvidos o Deputado Federal, Eduardo Cunha, que compareceu espontaneamente, e o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, convocado pela CPI.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi o primeiro a depor na CPI nesta quinta-feira. Cunha negou o envolvimento nos fatos apurados pela Polícia Federal, dentro da Operação Lava-Jato.
Segundo o presidente da CPI, Hugo Motta, a comissão está aberta para receber os deputados listados nos inquéritos abertos na última sexta-feira, 6.
O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou durante seu depoimento que a corrupção na estatal não é sistêmica. “Isso não quer dizer que não haja corrupção na Petrobras, mas isso é um problema individualizado de alguns criminosos”, disse.
Segundo o líder tucano, Carlos Sampaio (PSDB/SP), Sérgio Gabrielli teria responsabilizado o ex-presidente Lula e a presidente Dilma pelas indicações dos diretores da Petrobras investigados na Operação Lava-Jato ao afirmar que a competência por essas indicações não cabia à presidência da estatal, mas ao Conselho de Administração, comandado pelo governo. Gabrielli negou citação dos nomes de Lula e Dilma. Carlos Sampaio também lembrou que uma auditoria interna da Petrobras constatou falhas de Gabrielli ao não seguir a orientação do Conselho de Administração da estatal em relação ao contencioso judicial com a Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Os sub-relatores Arnaldo Farias de Sá (PTB-SP) e André Moura (PSC-SE) retomaram o tema da associação da Petrobras com a empresa Sete Brasil, constituída em 2010 para a produção de sondas de perfuração para a exploração do petróleo do pré-sal. Moura lembrou que Pedro Barusco confessou à CPI, nesta semana, ter arrecadado U$ 97 milhões em propina, o que, para o deputado, revelaria a “omissão” de Gabrielli na investigação de irregularidades na estatal.
O ex-presidente da Petrobras disse que a indicação de Barusco para a direção da Sete Brasil foi por competência técnica e decidida de forma colegiada. Quanto às irregularidades, Gabrielli lembrou que, durante sua gestão, havia auditoria, comissões internas e canais de denúncia que nada encontraram de irregular, na época. Quanto a eventual responsabilidade sua nas irregularidades, acrescentou que “há muita ilação e falta de fundamento nas denúncias”.
Diante dos casos apurados na Operação Lava-Jato da Polícia Federal e na CPI da Petrobras, o deputado Carlos Marum (PMDB-MS) disse que se via no dever de suspeitar do ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli: “É difícil acreditar que um homem competente, há tanto tempo à frente da empresa, não soubesse das irregularidades”, complementou o deputado.
A próxima oitiva será realizada na quinta-feira,19, decorrente da convocação do ex-diretor de serviços, Renato Duque.